Você já ouviu falar no anglicanismo? Vamos descobrir juntos essa vertente cristã cheia de história!

Essa vertente do cristianismo, com raízes profundas na Inglaterra, guarda uma história de insatisfação  por não conceder a anulação de um casamento, com sua identidade única, que a diferencia tanto do catolicismo romano quanto de outras denominações protestantes.

A Origem

A história do Anglicanismo é literalmente ligada ao Rei Henrique VIII da Inglaterra, no século XVI. Ao contrário de outras reformas protestantes que surgiram primariamente por questões teológicas (como a de Lutero ou Calvino), a separação da Igreja da Inglaterra da autoridade papal teve um forte componente político e pessoal.

Henrique VIII queria anular seu casamento com Catarina de Aragão para se casar com Ana Bolena e ter um herdeiro masculino. Diante da recusa do Papa Clemente VII em conceder a anulação, o rei tomou uma decisão drástica: através do Ato de Supremacia em 1534, ele se declarou o chefe supremo da Igreja da Inglaterra, rompendo os laços com Roma.

Contexto usado por Henrique VIII

Catarina de Aragão era casada com seu irmão Arthur antes de se casar com Henrique. Quando Arthur morreu, Catarina se casou com Henrique, com permissão especial do Papa Júlio II.

Como Catarina de Aragão não havia gerado um herdeiro homem, Henrique contextualiza Levítico 20:21 para alegar que seu casamento era amaldiçoado por ser contra a Lei de Deus. Em Deuteronômio 25:5 contradiz a alegação de Henrique.

O Papa negou a anulação, levando Henrique a romper com Roma e fundar a Igreja Anglicana em 1534.

“Se um homem se casar com a mulher de seu irmão, comete um ato de impureza. Desonrou seu irmão, e o casal culpado ficará sem filhos. Levítico 20:21 NVT.

“Se dois irmãos estiverem morando juntos na mesma propriedade e um deles morrer sem deixar filhos, a viúva não se casará com alguém de fora da família. O irmão de seu marido se casará com ela, e eles terão relações sexuais. Desse modo, ele cumprirá os deveres de cunhado. Deuteronômio 25:5 NVT.

A Identidade Anglicana

Uma das características mais marcantes do Anglicanismo é sua posição de “via média” entre o catolicismo e o protestantismo. Isso é visível em sua liturgia, na organização episcopal (com bispos) e no uso do Livro de Oração Comum, um guia litúrgico central para os cultos anglicanos.

A tradição Católica: O Anglicanismo mantém uma estrutura episcopal (com bispos, padres e diáconos), a sucessão apostólica (a crença de que a autoridade dos bispos remonta aos apóstolos) e uma rica liturgia, muitas vezes semelhante à católica em sua forma. A Catedral de Cantuária, na Inglaterra, é a sede simbólica do Arcebispo de Cantuária, o líder da Comunhão Anglicana mundial.

A influência Protestante: O Anglicanismo abraça princípios da Reforma Protestante, como a centralidade da Bíblia como a autoridade máxima de fé e prática, a justificação pela fé e a valorização da razão.

criando uma identidade singular

A Bíblia: Considerada a palavra de Deus e a fonte primária da fé e moral, sendo interpretada à luz da tradição histórica e da razão, sua base não está apenas firmada nela.

Os Credos: Os anglicanos professam a fé nos credos históricos do cristianismo, como o Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno, que expressam as crenças fundamentais sobre a Trindade e a pessoa de Jesus Cristo.

Os Sacramentos: Reconhecem dois sacramentos instituídos por Cristo como os principais: o Batismo e a Eucaristia (Santa Ceia ou Comunhão).

O Livro de Oração Comum: Este livro litúrgico é um pilar da adoração anglicana, contendo as orações, leituras e ritos para os serviços da igreja. Ele reflete a herança tanto católica quanto reformada da tradição anglicana.

Flexibilidade: O Anglicanismo é conhecido por sua flexibilidade e diversidade. Existem diferentes correntes dentro da Comunhão Anglicana (como a “High Church”, mais ligada às tradições católicas, e a “Low Church”, com maior ênfase evangélica), que coexistem e enriquecem a experiência anglicana.

O Anglicanismo Hoje

O Anglicanismo é a terceira maior comunhão cristã do mundo, com milhões de membros em diversos países. A Comunhão Anglicana é uma rede internacional de igrejas autônomas que estão em plena comunhão com a Sé de Cantuária, mantendo uma unidade através da doutrina compartilhada, da liturgia e do reconhecimento simbólico do Arcebispo de Cantuária.

Presente em todo o mundo, reunido em uma comunhão conhecida como Comunhão Anglicana, que inclui igrejas nacionais como a Igreja Episcopal nos Estados Unidos e a Igreja Anglicana do Brasil.

O anglicanismo é uma ponte entre o catolicismo e o protestantismo, mantendo tradições antigas com um espírito reformador. Uma expressão cristã que valoriza a liturgia, a Bíblia, os sacramentos e a razão.

Luteranismo x Anglicanismo: Quais as diferenças?

Durante a Reforma Protestante, surgiram várias vertentes do cristianismo que influenciaram profundamente a história da Igreja. Duas dessas vertentes são o luteranismo e o anglicanismo. As principais diferenças entre elas:

AspectoLuteranismoAnglicanismo
OrigemAlemanha, 1517Inglaterra, 1534
FundadorMartinho LuteroHenrique VIII
Motivação InicialReforma contra abusos da Igreja CatólicaRuptura política por causa de um divórcio
Autoridade DoutrináriaEscrituras, escritos de Lutero, Confissão de AugsburgoEscrituras, Tradição, Razão, Livro de Oração Comum
Estrutura EclesiásticaPresbiteral (pastores e presbíteros)Episcopal (bispos, arcebispos)
LiturgiaSimples, centrada na PalavraFormal, rica em simbolismos e rituais
SacramentosDois principais: batismo e ceiaDois principais, com maior ênfase na sacramentalidade
Presença de Cristo na CeiaPresença real, mas sem transubstanciaçãoInterpretação varia: espiritual, simbólica ou real
Relação com o CatolicismoRompimento mais teológico e radicalRuptura política, mantendo muitos elementos católicos
Símbolos e Roupas LitúrgicasUsados com moderaçãoPreservados com aparência católica

Luteranismo: Mantém ênfase na justificação pela fé e na teologia de Lutero (ex.: “95 Teses“).

Anglicanismo: Conhecido pela “Via Média” (equilíbrio entre protestantismo e catolicismo), com grande diversidade interna (evangélicos, anglo-católicos, liberais).

O luteranismo nasceu da convicção teológica de um monge reformador; o anglicanismo, de uma crise conjugal real. Ambos se afastaram de Roma, seguindo caminhos distintos, um mais doutrinário, outro mais institucional e político.


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